quarta-feira, novembro 17, 2004

 
A grande reestruturação dos media

Toda esta ansia (há quem lhe chame estratégia) governamental pelo controlo editorial dos orgãos de comunicação social portugueses é algo de assustador, tanto para a democracia em si mesmo, como para um regime que se diz democrático. Mais assustador, ainda, é a falta de discrição com que o governo está a actuar, não fazendo qualquer esforço para esconder nem os seus objectivos, nem os meios que usa para os alcançar.

Poder-se-á argumentar que também outros governos pós 25 de Abril de 1974 o tentaram ou fizeram, mas parece-me que, com a excepção dos primeiros governos pós revolução, nenhum outro terá sido tão "descarado".

Desde pôr um seu cacique à frente da administração da sociedade que controla os meios de comunicação detidos pela PT, passando pela substituição da maior parte das direcções desses meios e pela pressão (explícita ou implícita) sobre os accionistas e administradores dos orgãos de comunicação privados (através do que mais lhes dói que é o dinheiro que podem deixar de ganhar com os "negócios" que dependem do Estado, que, como se sabe, em Portugal são muitos e bons) tudo este governo tem feito.

Acha, portanto, este governo, com uma "estratégia de comunicação" que parece beber em estratégias já usadas no passado por regimes não democráticos, que o povo português não é inteligente e que, por isso, se controlar os meios de comunicação social, tem meio caminho andado para ganhar as próximas eleições legislativas.


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